quarta-feira, outubro 01, 2025

Descobertas pinturas da Idade do Gelo na Amazônia colombiana

As pinturas rupestres são de tirar o fôlego, é uma superfície de quase 12 quilômetros coberta de formas geométricas e dezenas de milhares de imagens de animais e humanos. Peixes, tartarugas, lagartos e pássaros, gente dançando ou dando-se as mãos, figuras de máscaras, muitas impressões manuais.

Cenas de dança, caça e comida, mas também animais agora extintos cobrem quilômetros de rochas na selva a 400 km de Bogotá. Arte rupestre de pelo menos 12.500 anos estava em área isolada do antigo território das Farc.

Ao todo, as pinturas rupestres cobrem uma extensão de 12 km Foto: Guillermo Legaria/AFP

As pinturas rupestres na Serranía de la Lindosa são de tirar o fôlego: é uma superfície de quase 12 quilômetros coberta de formas geométricas e dezenas de milhares de imagens de animais e humanos. Peixes, tartarugas, lagartos e pássaros, gente dançando ou dando-se as mãos, figuras de máscaras, muitas impressões manuais. O mais fascinante é quão detalhadas e realistas algumas das representações o são.

quinta-feira, setembro 11, 2025

Dentista descobre detalhe oculto no Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci

Dentista descobre detalhe oculto no Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci — o gênio estava à altura da ciência moderna e conceitos atuais

    Um dentista de Londres fez uma descoberta surpreendente no icônico Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, que pode mudar a forma como enxergamos a famosa obra. Rory Mac Sweeney identificou um triângulo equilátero oculto entre as pernas da figura desenhada por Da Vinci — uma forma geométrica que se conecta diretamente a um conceito anatômico moderno conhecido como triângulo de Bonwill, usado até hoje na odontologia para entender a mecânica da mandíbula humana.

Dentista descobre detalhe oculto no Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci — o gênio estava à altura da ciência moderna e conceitos atuais
    

domingo, setembro 07, 2025

Nossos ancestrais sobreviveram a uma inversão dos pólos terrestres

    Há 41 mil anos nossos ancestrais sobreviveram a uma inversão dos pólos; hoje, sabemos como eles lidaram com essa mudança

    Há cerca de 41 mil anos, o planeta Terra tornou-se um lugar muito mais hostil do que é agora. O escudo magnético que nos protege do vento solar e da radiação cósmica enfraqueceu até quase desaparecer, e os pólos magnéticos, referências utilizadas pelas bússolas, abandonaram o Ártico e a Antártida para vagar por todo o globo. Esse evento, conhecido como excursão de Laschamps, mergulhou o planeta em um ambiente de radiação sem precedentes durante quase dois milênios.

Nossos ancestrais viveram de maneira diferente

    Um novo e revolucionário estudo publicado na Science Advances reconstruiu pela primeira vez em 3D o ambiente espacial da Terra durante esse período caótico. Os resultados não só nos mostram como era o planeta, mas também oferecem pistas fascinantes sobre como nossos ancestrais puderam ter sobrevivido e até mesmo prosperado.

Há 41 mil anos nossos ancestrais sobreviveram a uma inversão dos pólos; hoje, sabemos como eles lidaram com essa mudança
    O campo magnético da Terra é como um escudo invisível gerado pelo núcleo de ferro líquido do planeta. Ele nos protege de um fluxo constante de partículas carregadas que emanam do Sol. Sem ele, a atmosfera seria varrida e a vida na superfície seria bombardeada por radiação prejudicial.

    Durante o evento de Laschamps, esse escudo enfraqueceu até atingir apenas 10% de sua força atual. De acordo com a simulação da equipe liderada por Agnit Mukhopadhyay, isso teve duas consequências espetaculares relacionadas à magnetosfera e aos pólos.

    A magnetosfera contraiu-se drasticamente. A bolha protetora que nos envolve encolheu para quase metade do seu tamanho normal. No seu ponto mais fraco, o limite deste escudo (a magnetopausa) encontrava-se a apenas 15.500 km da superfície, uma distância perigosamente próxima.

segunda-feira, setembro 01, 2025

O que parecia lixo em caverna revelou-se o tesouro de uma cultura perdida

Artefatos com símbolos de Vênus e do deus Quetzalcoatl permaneceram séculos escondidos em uma câmara subterrânea de uma caverna no México encontrada por exploradores.  

Exploradores encontraram estalagmites retocadas à mão e, sobre elas, braceletes de conchas - Instituto Nacional de Antropologia e História do México - Katiya Pavlova (INAH)

             Quando a espeleóloga russa Yekaterina Katiya Pavlova colocou sua cabeça por uma fenda estreita na caverna Tlayócoc, nas montanhas do estado de Guerrero, no México, sua primeira reação foi de perplexidade. O que ela viu entre as sombras pareceu, a princípio, ser lixo deixado por algum visitante descuidado.

No entanto, após uma inspeção mais detalhada, ela percebeu que estava diante de algo extraordinário: um achado arqueológico excepcional que permanecera intocado por pelo menos cinco séculos. Tratava-se de um conjunto de 14 objetos ritualísticos ligados a cerimônias de fertilidade dos tlacotepehuas, um povo extinto. Os itens estavam cuidadosamente dispostos em estalagmites, de acordo com o Instituto Nacional de Antropologia e Históriado México (INAH).

A descoberta arqueológica em Tlayócoc

A descoberta ocorreu em setembro de 2023 durante uma exploração conjunta de Pavlova e do guia local Adrián Beltrán Dimas na caverna localizada a 2.387 metros acima do nível do mar, próxima à comunidade de Carrizal de Bravo.

Os braceletes de conchas apresentam entalhes antropomórficos com rostos que podem representar divindades pré-hispânicas Miguel Pérez (INAH)

             A caverna de Tlayócoc – cujo nome no idioma náuatle (asteca) significa "caverna do texugo", segundo o INAH – é conhecida em suas região como uma fonte de água e guano (adubo de estrume de morcego). Durante séculos, o local permaneceu praticamente intocado, possivelmente protegido por crenças populares sobre um suposto "ar ruim" que, segundo a lenda, poderia ser encontrado em seu interior.

Descoberta de artefatos pré-hispânicos

A jornada até a descoberta não foi fácil. Após avançar cerca de 150 metros na caverna, os exploradores encontraram uma passagem submersa com apenas 15 centímetros entre a água e o teto.

"Dei uma espiada e parecia que a caverna ainda continuava. Era preciso prender a respiração e mergulhar um pouco para conseguir passar. Adrian estava com medo, mas a água era funda o suficiente, e eu a atravessei primeiro para mostrar a ele que não era tão difícil", contou a espeleóloga, segundo a nota do INAH.

quarta-feira, abril 23, 2025

Tecnologia revela figuras ocultas em quadros de artistas famosos

Nos últimos tempos, descobertas surpreendentes no mundo da arte têm revelado imagens ocultas escondidas em quadros famosos.

Vista das areias de Scheveningen de Hendrick van Anthonissen

Técnicas avançadas de geração de imagens, como raios X e refletografia de infravermelho, permitiram encontrar figuras misteriosas escondidas sob obras de artistas renomados.


Vincent van Gogh em Campo de grama em 1884

Algumas dessas figuras escondidas são autorretratos ou personagens enigmáticas, adicionando camadas de significado às obras.

Francisco José de Goya y Lucientes, 1823 - Retrato de Don Ramón Satué 

Por mais que não sejam tão visíveis a olho nu, esses “fantasmas” podem ser vistos com o auxílio da tecnologia.

Os Serradores de Madeira, 1848 Jean François Millet

 Confira 8 retratos com figuras misteriosas escondidas!

“Um velho em traje militar”, de Rembrandt (1630): Pesquisadores descobriram uma figura oculta sob “Um Velho em Traje Militar”, de Rembrandt, utilizando macrofluorescência de raios X e reflectografia de infravermelho.

Diferentemente da paleta sombria característica do artista, a imagem revela um jovem vestido com tons vibrantes de vermelho e verde.

sexta-feira, março 21, 2025

A fascinante história do Príncipe Africano retratado por Gustav Klimt

Retrato de príncipe da África Ocidental William Nii Nortey Dowuona, feito pelo célebre pintor austríaco, está à venda por 15 milhões de euros. Mais impressionante do que o preço é a história por trás da obra de arte.

Retrato de William Nii Nortey Dowuona: obra do pintor Gustav Klimt ficou perdida por muitos anos

    Durante muito tempo, o retrato do príncipe da África Ocidental pintado em 1897 pelo austríaco Gustav Klimt foi dado por perdido: seus rastros desapareciam depois de 1938.

    A reaparição da pintura Príncipe William Nii Nortey Dowuona se tornou uma sensação no mundo da arte, assim como o fato de ela estar pestes a ser vendida por 15 milhões de euros (R$ 92 milhões) na feira de arte Tefaf, em Maastricht, Holanda.

    Um casal de colecionadores levou o quadro até a galeria dos negociantes de arte vienenses Wienerroither & Kohlbacher, há 25 anos especializada em Klimt. "Foi uma grande surpresa para nós", comenta o diretor da galeria, Alois Wienerroither.

    Ele e seus sócios não reconheceram imediatamente o tesouro que estava escondido atrás da sujeira. "Nós olhamos para a pintura; ela estava suja e tinha uma moldura ruim; não parecia nada com Klimt." Após a limpeza, ficou claro que era a pintura de um príncipe da África Ocidental, de uma região que atualmente é parte do território de Gana.

Klimt, pioneiro da vanguarda austríaca

    O vienense Gustav Klimt (1862-1918) foi um dos pintores mais importantes austríacos do final do século 19. Considerado o representante máximo do estilo art nouveau vienense, ou jugendstil, seus retratos abstratos de mulheres, como O beijo e a Dama dourada são mundialmente famosos.


O beijo, uma das pinturas mais famosas de Klimt, está no Museu Belvedere de Viena

    Em 1897, fundou com um grupo próximo de artistas a Secessão de Viena. O coletivo de 50 artistas de vanguarda queria romper com o estilo realista do historicismo e lançar uma nova estética, tendo Klimt como presidente da associação.

    Durante esse período de mudança ele pintou o retrato do príncipe da África Ocidental, em estilo realista. Para Wienerroither, trata-se de um quadro fundamental: "O fundo floral da pintura já é moderno e também evoca o retrato de Sonja Knips, filha de uma família de oficiais, que ele pintou um ano depois."

sexta-feira, fevereiro 21, 2025

Macacos de Minas Gerais atingem estágio de evolução da pedra lascada

Macacos de Minas Gerais atingem estágio de evolução da pedra lascada

     Símios que vivem em fazenda de Montes Claros (MG) produzem lasca de rochas similares à de ancestrais do Homo sapiens ao usar pedras para quebrar frutos secos.

     Cientistas trabalhando em Minas Gerais descobriram que um grupo local de macacos-prego, uma espécie de primata relativamente distante dos humanos, atingiu um estágio evolutivo semelhante àquele em que ancestrais do Homo sapiens chegaram há 3,3 milhões de anos: a idade da pedra lascada.

Jovem macho esmaga uma frutinha de grão-de-galo 

     A equipe de pesquisadores documentou o comportamento de alguns desses símios na mata dentro de uma fazenda em Montes Claros (MG) e mostrou que eles são capazes de produzir lascas de pedra, a forma mais rudimentar de ferramenta que hominídeos criavam na África, muito antes do surgimento do homem moderno.

     Os símios em questão, da espécie Sapajus xanthosternos (macaco-prego-do-peito-amarelo), não lascam a pedra intencionalmente, entretanto. As lascas são subproduto de um comportamento já conhecido dos macacos-prego, o de usar pedras para quebrar sementes e frutos secos.

Macaco-prego - Nome científico: Sapajus Classe: Mammalia Família: Cebidae
Filo: Chordata Ordem: Primates Reino: Animalia

    A descoberta foi anunciada nesta terça-feira num estudo na revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos EUA. O trabalho foi liderado pelos cientista Tomos Proffitt e Lydia Luncz, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, e teve participação dos brasileiros Paula Medeiros e Waldney Martins, da Universidade Estadual de Montes Claros.

Descoberta sobre macacos em MG questiona ideia de que inteligência humana é única.

'Retrato do amigo Mateu Fernández de Soto' Famosa pintura de Picasso escondia retrato de mulher misteriosa

    Foi descoberto um retrato de uma mulher misteriosa pintado debaixo de uma das obras mais emblemáticas do período azul de Picasso. Não se sabe quem é, mas os especialistas acreditam que seja semelhante a outras tantas pintadas pelo artista espanhol em Paris.

Pablo Picasso, Portrait of Mateu Fernández de Soto, 1901, oil on canvas, 61.3 x 46.5
cm Oskar Reinhart collection ‘Am Römerholz’, Winterthur, Switzerland.

    O retrato é misterioso e estava escondido debaixo de uma das mais famosas obras do período azul de Pablo Picasso. Não se sabe quem é ou quando foi feita, sabe-se apenas que o artista pintou por cima o retrato do amigo Mateu Fernández de Soto em 1901.

FONTE Courtauld Institute of Art processo de varredura da imagem

    A descoberta só chegou quase 125 anos depois. Os contornos originais foram revelados pelos investigadores do Courtauld Institute of Art através do uso de raio-x e infravermelhos.

‘Ötzi o Homem do Gelo – A Múmia do Similaun a mais bem preservada já descoberta datada de aproximadamente 5.300 anos.’

    Ötzi é uma múmia masculina bem conservada com cerca de 5 300 anos. A múmia foi encontrada por um casal de alpinistas, nos Alpes orientais, em 1991, num glaciar perto do monte Similaun, na fronteira da Áustria com a Itália, o Vale de Ötztal Alto Ádige — em alemão Ötztaler Alpen. Ele rivaliza com a múmia egípcia “Ginger” no título de mais velha múmia humana conhecida, e oferece uma visão sem precedentes da vida e hábitos dos homens europeus na Idade do Cobre. Ao morrer, vestia roupas que o protegiam do frio, com três camadas de roupas. Estudos revelaram que seu casaco era feito a partir de peles de ovelha e cabra. Quanto às caneleiras, elas acabaram sendo costuradas a partir de couro de cabra. Os cordões dos seus sapatos de couro de vaca foram criados a partir de um auroque ancestral do boi atual, além de uma capa forrada de fibra da casca da tília, árvore típica no hemisfério norte. Nem todos os itens de vestuário de Ötzi vieram de animais domesticados: a pele veio de urso pardo e a aljava das flechas era feita de pele de veados.

Ötzi o Homem do Gelo reconstrução naturalista baseada técnicas
forenses no 
Museu Arqueológico do Sul TirolItália).

    Ötzi foi encontrado por um casal de montanhistas alemães, Helmut e Erika Simon, em 19 de setembro de 1991. Inicialmente pensaram se tratar de um cadáver moderno, como diversos outros esportistas ou não que são encontrados na região mortos por causa do frio.

    O corpo foi confiscado pelas autoridades austríacas e levado para Innsbruck em Tirol, onde sua verdadeira idade foi finalmente estabelecida. Pesquisas posteriores revelaram que o corpo fora encontrado poucos metros além da fronteira, em território italiano. Hoje está exposto no Museu de Arqueologia do Alto Ádige, Bolzano, Itália.

O exato momento da descoberta / Crédito: Divulgação/ Dolan DNA Learning Center

    Seu corpo foi extensamente examinado, medido, radiografado e datado. Os tecidos e o conteúdo dos intestinos foram examinados ao microscópio, assim como o pólen encontrado nos seus artefatos. Suas roupas, incluindo uma capa de grama entrelaçada e casaco e calçados de couro, eram bastante sofisticadas. Os sapatos eram largos e à prova d'água, aparentemente feitos para caminhar na neve; as solas eram feitas de pele de urso, a parte superior de couro de veado e uma rede feita de cascas de árvores. Tufos de grama macia envolviam o pé dentro do sapato, servindo de isolante térmico. Outros artefatos encontrados junto a Ötzi foram um machado de lâmina de cobre com cabo de teixo, uma faca de sílex e cabo de freixo, uma aljava cheia de flechas e um arco longo de teixo inacabado que era mais comprido do que Ötzi.

sexta-feira, janeiro 24, 2025

Descoberta de um mapa em 3D datando da... pré-história

    No coração da floresta de Fontainebleau, na França, uma modesta caverna esconde um tesouro arqueológico excepcional. Pesquisadores descobriram o que pode ser o mapa tridimensional mais antigo já identificado, oferecendo uma visão inédita sobre as capacidades cognitivas de nossos ancestrais pré-históricos.

    Essa descoberta, datando do Paleolítico Superior, desafia nossa compreensão das primeiras representações espaciais. As gravuras e os arranjos do solo da caverna de Ségognole 3 parecem reproduzir a paisagem ao redor, com seus cursos d'água e relevos. Uma proeza técnica e artística que demonstra um pensamento abstrato já sofisticado.


Pesquisadores acreditam ter descoberto em caverna paleolítica na França o que pode ser o mapa 3D mais antigo já encontrado, datado de 18.000 a.C.

Uma caverna com múltiplos segredos

    A caverna de Ségognole 3, localizada em Noisy-sur-École, é conhecida desde os anos 1980 por suas gravuras rupestres, incluindo dois cavalos emoldurados por uma representação feminina. No entanto, foram as modificações no solo que recentemente chamaram a atenção dos cientistas. Sulcos e depressões, cuidadosamente escavados, formam uma rede hidráulica complexa.

A complexidade do mapa, com suas bacias, canais e sulcos perfeitamente desenhados, revela um pensamento abstrato e um nível de sofisticação inimaginável para uma época tão remota.
    
    Esses arranjos, segundo os pesquisadores, não são obra do acaso. Eles reproduzem o sistema hidrográfico do vale do École, localizado nas proximidades. A água da chuva que fluía por essas estruturas animava outrora essa paisagem em miniatura, criando uma representação dinâmica e funcional.

domingo, dezembro 15, 2024

Salto tecnológico "incrível" teria acontecido na Europa há 900 mil anos

Salto tecnológico teria acontecido na 

Europa há 900 mil anos

    Uma descoberta recente em El Barranc de la Boella, no nordeste da Espanha, trouxe à tona ferramentas de pedra avançadas de cerca de 900 mil anos atrás. Segundo Diego Lombao, antropólogo da Universidade de Santiago de Compostela, essas são as evidências mais antigas da Europa de uma técnica sofisticada de fabricação de ferramentas. O achado sugere que esses avanços tecnológicos surgiram antes da separação evolutiva entre humanos modernos e neandertais.

    A descoberta indica que os hominídeos daquela época não só produziam ferramentas maiores e mais específicas, como seguiam um padrão comum de fabricação. Os cientistas perceberam que a forma como as pedras eram talhadas seguia uma sequência estruturada, o que demonstra um alto nível de planejamento e habilidade técnica. Lombao e sua equipe destacam no estudo que a sofisticação observada no sítio arqueológico revela “um nível sofisticado de antecipação e planejamento”.

A produção de ferramentas tornou-se mais especializada no Pleistoceno Médio, afirmam pesquisadores.

Um salto tecnológico à moda europeia

    As ferramentas descobertas em El Barranc de la Boella fazem parte do chamado Modo 2, ou técnica acheuliana. Esse método representa um upgrade significativo em relação às ferramentas mais antigas conhecidas como Modo 1, ou Oldowan. Enquanto as ferramentas Oldowan eram feitas apenas com batidas simples entre duas pedras, o Modo 2 envolvia um processo de refinamento adicional, utilizando ossos ou madeira para dar forma e simetria aos artefatos. Os resultados? Machados e picaretas de pedra muito mais eficientes e específicos para determinadas tarefas.

Um estêncil de cópias limitadas de Banksy se autodestrói no meio do leilão

Obra de arte de Banksy se autodestrói após ser vendida por mais de 1 milhão de libras

Cortador de papel escondido no quadro Menina com Balão de Banksy destruiu a obra após ela ter sido leiloada na Sotheby's, em Londres Reino Unido.

    O anônimo mais famoso do mundo, o inglês Banksy, virou notícia novamente no mundo artístico - e não por conta de uma obra nova. 

Veja o perfil de Banksy no Instagram.

    O grafiteiro ou um grupo de grafiteiros, famoso por suas obras com críticas sociais e políticas, colocou uma delas à venda em um leilão na famosa Sotheby's, em Londres. Quando o estêncil batizado de A Menina com Balão foi arrematado por 1,4 milhão de libras (cerca de R$ 5 milhões), um dispositivo eletrônico foi acionado no quadro e o desenho foi picotado por um cortador de papel escondido.


sexta-feira, novembro 01, 2024

Atenção Sustentada Cíclica em A jovem com brinco de pérola de Vermeer

A jovem com brinco de pérola: este quadro nos hipnotiza, os cientistas agora sabem como;

    Um mistério de vários séculos envolve o quadro de Vermeer, A jovem com brinco de pérola. Um novo olhar científico pode revelar o que o torna tão cativante.

    Os neurocientistas mediram a reação do cérebro diante desta obra icônica. A descoberta? Um ciclo neurológico de atenção que mantém o espectador absorto.

Johannes Vermeer (1632-1675) pintor holandês Barroco do século XVII A jovem com brinco de pérola Pixabay/CC0 Public Domain

    Quando observamos a jovem com brinco de pérola, nosso olhar segue um percurso específico: o olho, a boca, depois a pérola, e assim sucessivamente. Este ciclo visual, chamado de "ciclo de atenção sustentada", força a contemplar a obra por mais tempo que outros quadros.

    Os testes neurológicos também revelaram uma forte estimulação do precuneus, uma região do cérebro ligada à consciência e à identidade pessoal. Este fenômeno explicaria a fascinação universal por esta obra.

domingo, setembro 29, 2024

O que são os esferoides, esses misteriosos objetos pré-históricos?

    Preservados ao longo do tempo, os objetos de pedra representam preciosos indícios para compreender o comportamento de nossos antepassados pré-históricos. Em particular, os objetos agrupados sob os termos de poliedros, esferoides e bolas (PSB) são artefatos de pedra talhada enigmáticos, sendo que a questão de sua função ainda permanece em aberto para os pré-historiadores nos dias de hoje.

Para entender o uso desses objetos, arqueólogos recriaram esferoides, aqui em quartzo, de forma experimental. Julia Cabanès/Museu Nacional de História Natural, Fornecido pela autora.

    Produzidos durante os últimos dois milhões de anos em todo o Velho Mundo, esses objetos são muito frequentes em sítios da África e da Ásia, mas curiosamente, são muito mais raros na Europa.

    Na literatura, sua definição depende sobretudo de sua proximidade à esfera: são objetos talhados em pelo menos três faces, de morfologia angular para os poliedros, esférica facetada para os esferoides e perfeitamente esférica para as bolas. Suas dimensões e pesos também são muito variáveis, indo de alguns gramas a vários quilos.


    Apesar de sua frequência nos sítios arqueológicos, esses objetos são muito pouco estudados e continuam mal compreendidos. Qual seria seu papel no cotidiano dos hominídeos fósseis? Além disso, a produção desses objetos é um processo complexo: por que os hominídeos não usavam simples seixos esféricos, em vez de transformá-los em esferoides? Nosso estudo recente de 513 dessas pedras talhadas, provenientes de nove sítios paleolíticos da França e do Norte da África, trouxe novos elementos para responder a essas perguntas.

Poliedro (A), esferoide (B) e bola (C). Julia Cabanès/MNHN, Fornecido pela autora

Um debate de longa data

    Primeiro, vamos rever os estudos e teorias existentes. Foi em 1847 que Boucher de Perthes descreveu pela primeira vez esses tipos de objetos, chamando-os de "machados celtas" quando descobriu essas bolas de pedra no norte da França. Na literatura científica, duas hipóteses principais sugerem que esses objetos são ou ferramentas fabricadas para realizar uma tarefa específica, ou, ao contrário, núcleos em fase final, ou seja, resíduos da talha dos quais foram extraídos tantos lascas quanto possível, sendo as lascas o produto final desejado.

segunda-feira, setembro 09, 2024

A escultura de sangue, a árvore 'sexual' e outras 8 obras que chocaram o público e ajudaram a redefinir a arte

'Ilhas Cercadas'
'Ilhas Cercadas', instalação de Christo e Jeanne-Claude, causou protestos de ambientalistas em 1983
ge da foto,
  • Autho    A decisão de cancelar a exibição de determinadas obras artísticas por causa da reação de partes do público não é fácil para um museu ou centro cultural - e costuma causar temores e debates sobre os limites da censu    No entanto, apesar de controversas, ações como essas - que estiveram nas manchetes recentemente - não são novidade. Várias obras na história moderna instigaram polêmicas semelhantes e algumas delas, apesar de causar muita indignação na sua época, mudaram a maneira como pensamos sobre art   No Brasil, o episódio mais conhecido dos últimos tempos foi o veto à exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. A mostra, que reunia trabalhos de 85 artistas e tinha como mote a diversidade e as questões LGBT, foi cancelada após críticas diferentes setores da sociedade.

    O Museu Guggenheim, de Nova York, enfrentou pressão semelhante - de ativistas de direitos dos animais - e cancelou a instalação de dois vídeos considerados muito violentos (um com porcos tatuados copulando, e o outro de pitbulls se encarando e rosnando), bem como a exibição de um grande armário de madeira e tecido intitulado Theatre of the World (Teatro do Mundo, em tradução livre), dentro do qual lagartixas, gafanhotos, grilos e baratas, todos famintos, protagonizam um exercício real de sobrevivência do mais forte.

  • As obras proibidas são de artistas chineses contemporâneos e originalmente foram selecionadas para aparecer como parte da exposição Art and China After 1989, que abriu em outubro de 2017.

Exibição do Theatre of the World
Obras de artistas chineses, como Theater of the World, foram proibidas em exposição em outubro

    Também em outubro daquele ano, o Louvre anunciou que estava desistindo do plano de exibir uma escultura sexualmente explícita do artista e designer holandês Joep Van Lieshout. Uma estrutura de doze metros de altura, que parece retratar um homem fazendo sexo com uma criatura de quatro pernas, Domestikator deveria ser exibido no Jardin des Tuileries, em Paris, ao lado do Louvre, como parte da Feira Internacional de Arte Contemporânea, realizada todos os anos. O Centro Pompidou concordou posteriormente em mostrar o trabalho.
    Com a censura inicial de seu Domestikator, van Lieshout (que insiste que sua escultura não tem uma temática fundamentalmente sexual, mas faz um comentário sobre a interferência do homem na natureza) chamou de hipócrita a decisão do Louvre. "No Louvre", ele ressalta, "há pinturas e esculturas com mulheres nuas, estupro e bestialidade que são muito mais explícitas do que minha obra".

La Grande Odalisque, de Jean-Auguste-Dominique Ingres

Crédito,Wikipedia

Legenda da foto,Quadro 'La Grand Odaslique', de Ingres, causou revolta quando foi exibido pela primeira vez, em 1814